A questão do Gênero na escola: roda de conversa mobiliza alunos da EE Antonio Fernandes (Naviraí/MS)

Categoria: Geral | Publicado: sexta-feira, junho 2, 2017 as 14:30 | Voltar

Naviraí (MS) – A Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988, em seu artigo 6º estabelece que a educação é um direito de todas e todos e, ainda, que condições para acesso e permanência escolar devem ser garantidas pelo Estado. Porém, é fato que muitos alunos são continuamente afastados da escola e, dentre os inúmeros motivos que concorrem para as altas taxas de evasão escolar está a questão do preconceito em razão da orientação sexual.
Interessada em analisar o problema de perto e, também, em ouvir os relatos de alunos a Prof.ª Rosimara Alves do Prado, Formadora em Políticas Específicas da Coordenadoria Regional de Educação (CRE-8), de Naviraí, organizou uma roda de conversa com alunos da EE Antonio Fernandes, abordando questões de gênero. O evento aconteceu na última terça-feira (23). Foram convidados a participar os alunos do período noturno, matriculados no Projeto AJA e no Ensino Médio.
O debate sobre esse tema surgiu da necessidade de abordar situações de preconceito em razão da orientação sexual, vivenciadas dentro do espaço escolar. A participação ou não na roda de conversa ficou a critério dos alunos e, após as inscrições, formou-se o Grupo de Debate, que será acompanhado pela Formadora no decorrer do ano.
Além da participação da Formadora e dos alunos, se fez presente também o Coordenador de Projetos da CRE8, Prof. Maurício Cândido, que discorreu sobre o papel da Coordenadoria, e as Coordenadoras Pedagógicas Wanieyre Aparecida de Oliveira (Ensino Médio) e Cilmara Guizolfi (AJA), reforçando a parceria firmada entre a escola e a CRE8 e consolidando o compromisso de todos por uma educação de fato inclusiva.
Os estudantes do Grupo de Debate relataram as dificuldades encontradas por aqueles que possuem uma orientação sexual ‘diferente’ dos padrões tradicionais. Falaram sobre o bullying, sofrido principalmente dentro dos banheiros, onde, geralmente, os alunos estão mais vulneráveis, uma vez que estão longe do olhar dos educadores; relataram também, sobre a dificuldade em manter amizades devido ao preconceito dos colegas e aos estereótipos alimentados pela sociedade (os demais estudantes estão sempre desconfiados de que o aluno com orientação sexual diferente do padrão tradicional estaria ‘interessado’ nos colegas).
O grupo mostrou-se bastante aberto ao diálogo, expressaram seus anseios, suas angústias e a vontade de que algo seja realmente feito no sentido de mudar essa realidade. Disseram que estavam felizes com a oportunidade de expor seus pontos de vista: “Nunca tivemos a oportunidade de poder conversar com uma pessoa que estivesse disposta nos ouvir de maneira tão diferente e confortável”. No final do bate-papo pediram para repetir a conversa em outros momentos e perguntaram se poderiam convidar outros colegas.
Esse primeiro encontro contou com um número reduzido de alunos, o que demonstra, sobretudo, não o desinteresse, mas o preconceito em participar de um grupo que vai “falar sobre gays”. Essa atitude mostra que é preciso trazer para o interior da escola reflexões como essa, que é preciso discutir sobre os papéis que a sociedade atribui a cada sexo, para que todos, professores e alunos, descubram as limitações a que estaremos sujeitos se nos submetermos aos estereótipos de gênero. É preciso derrubar as barreiras do preconceito para que o quantitativo de pessoas debatendo sobre essa questão aumente gradativamente, até que a roda de conversa abranja a escola como um todo, e que os resultados dessa ação ultrapassem os muros da escola.

Texto: Lucimeire Antonieta Correia lucimerieantonieta@gmail.com
NTE - Naviraí/ MS

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